9 de Maio de 2020

Entrevista com a Dra. Viviane Brito Borille

Confira a homenagem de dias das mães prestada pela Anamages.

Titular da 2ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de Vitória, a Dra. Viviane Borille assumiu o cargo de Juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) no início de 2003. Atuou nas comarcas de Cachoeiro de Itapemirim, Marataízes e Guarapari. É especialista em Direito Público e em Direito Civil. 

Anamages: Conte como foi tornar-se referência no estado a partir de um projeto tão nobre?

Dra.Viviane: Cada uma de nós magistradas, a partir do momento que nos tornamos mães, passamos a ser referência em nosso estado. As obrigações advindas da maternidade são similares a todas as mães. É o velho ditado “mãe só muda de endereço”. 

Anamages: Qual a sensação de ser espelho para os seus filhos? 

Dra.Viviane: A sensação de ser espelho para os meus filhos é de convicção que estou no caminho certo ao ensiná-los os valores morais que formam o caráter de cada um. A maternidade implica em responsabilidade para com aqueles por quem temos um amor único e sublime. Acredito que os meus dois filhos refletirão os meus ensinamentos no futuro, passando-os para a próxima geração.

Anamages: Comente sobre a relevância do papel desempenhado pelas magistradas na Justiça brasileira. 

Dra. Viviane: As magistradas desempenham um importante papel na Justiça Brasileira visando à pacificação social. Ser magistrada é ter um compromisso com a sociedade e prezar pela Justiça de forma a trazer mudanças na vida de outrem, solucionando dos conflitos mais simples aos mais complexos. Ministras e Desembargadoras que são minorias, mas demonstram que a conquista foi decorrente da dedicação à vida jurídica.Juízas de Família que lidam com questões em que os sentimentos mais sublimes estão fragilizados e na grande maioria das vezes há crianças e adolescentes envolvidos, seres em formação que precisam de proteção.Juízas da Infância da área Protetiva, que atuam com fatos dolorosos, em que uma sentença pode mudar para sempre o destino de uma criança e de um adolescente, acrescido do fato de haver várias atribuições administrativas que implicam em constantes reuniões com a rede. Juízas da Infância Infracional e Execução, que buscam a ressocialização do adolescente que comete ato infracional, e o trabalho é muito além da sentença, necessitando uma integração dentro da Vara (gabinete, assessoria, cartório, equipe técnica, comissários) e também com toda a rede (Ação Social – CREAS, Educação, Saúde, Trabalho e Renda) e diversas parcerias, SENAI, SENAC, dentre outras várias. Juízas que atuam deferindo as medidas protetivas em favor de mulheres vítimas de agressões físicas e psíquicas em seus lares, de forma a garantir a aplicação da Lei Maria da Penha. Juízas Criminais e de Juizados Especiais Criminais, que julgam ações de indivíduos envolvidos em crimes dos mais diversos. Juízas da Execução Penal, que são responsáveis por fiscalizar presídios e fiscalizar o cumprimento da pena. Juízas Cíveis, que solucionam conflitos diversificados, especialmente envolvendo indenizações, possessórias, despejo, usucapião, busca e apreensão e ainda vários outros envolvendo patrimônio, dentre eles, sucessão. Juízas dos Juizados especiais Cíveis, que julgam ações com valor da causa limitado, mas muitas vezes se deparam com questões verdadeiramente complexas. Juízas da Fazenda, que julgam ações relacionadas à saúde garantindo o direito à vida e à dignidade, e também responsáveis por julgar ações pertinentes à administração pública. As magistradas estão constantemente atuando em favor da sociedade de forma a contribuir para uma melhor convivência humana.

Anamages: Houve algum episódio envolvendo a relação de mãe e filho que a marcou na carreira? Comente.

Dra. Viviane: O episódio envolvendo mãe e filho que me marcou na carreira foi quando estive em uma entidade de acolhimento e fui recebida pela criança Lucas, que tinha quase sete anos de idade e estava acolhida há dois anos. Deus tinha um propósito e hoje tenho um filho maravilhoso, grande amigo, responsável, cursando Direito e seguindo os valores morais que lhes foram ensinados.

Anamages: Transmita um recado para as demais mães, magistradas, que lutam para fazer justiça e se empenham na criação de seus filhos.

Dra. Viviane: O recado que transmito para as demais mães magistradas é que conciliamos muito bem a carreira e maternidade. Nosso tempo é muitas vezes cronometrado, mas tudo sempre dá certo ao fim do dia. Zelamos por quem amamos, orientando-os para a vida e, quando crescidos, temos saudades de cada fase. Falamos “você não é todo mundo”, “estude”, “desligue o celular “, “hora de dormir “, “retorne até tal hora”, “Deus o abençoe”, sonhamos os mesmos sonhos e vibramos com cada vitória. Amor de filho é sublime, o abraço apertado, o beijo carinhoso, a companhia de verdadeiros e leais amigos que, não poucas vezes, nos rodeiam na volta ao trabalho.Ser mãe implica em presença na vida do filho mesmo quando já alçaram os próprios voos em busca de seu destino. Que o nosso exemplo seja eterno na vida deles e que tenham orgulho de cada uma de nós pelo papel de mãe que exercemos. Ana Luiza Brito Borille, 10 anos, estudante.
“Eu tenho muito orgulho da minha mãe. O meu sonho é ser igual a ela. Sigo ela como um exemplo para mim! Eu admiro muito nela a determinação, a trajetória toda que ela fez para chegar onde está. Eu amo muito nela a generosidade e o amor que ela tem pela família.” Lucas Guilherme Brito Borille, 21 anos, estudante de Direito. “Na minha visão, ela é muito esforçada. Se esforçou desde jovem para chegar onde está, é muito trabalhadora e muito dedicada. Além disso, sempre tem tempo para a família. Ela é um espelho para mim. A minha mãe representa tudo! Ela é uma pessoa incrível na minha vida, que me orienta para meus objetivos e sonhos, sempre fazendo com que acredite que tudo é possível quando há esforço, persistência, dedicação e presença de Deus. Amo muito minha mãe, que é um exemplo para mim.