10 de Maio de 2020

Entrevista com a Dra. Maria Isabel Pereira da Costa

Confira a homenagem de dias das mães prestada pela Anamages.

A Dra. Maria Isabel Pereira da Costa foi juíza nas comarcas de Tapejara, Dois Irmäos, Novo Hamburgo, Canoas e Porto Alegre. Antes de prestar concurso, foi professora de ciências físicas e biológicas. Durante e posteriormente ao exercício da magistratura, foi professora de diversas disciplinas do curso de Direito na Unisinos, na Ulbra, na PUC, onde também exerceu o cargo de Vice-Diretora da Faculdade de Direito, e professora na Escola da Magistratura da Ajuris, de cujo Departamento de Previdência foi Diretora. Na Anamages, foi Vice-Presidente de Aposentados e Pensionistas. Atualmente, advoga e é sócia-fundadora e Diretora do Escritório Pereira da Costa Advogados. É Diretora do Departamento de Seguridade Social do IARGS, Diretora do Departamento de Processo Civil do IARGS e Diretora de Comunicação da Anamages. É formada em Ciências Físicas e Biológicas pela UFRGS e em Direito e Ciências Sóciais pela Unisinos. Tem especialização em Direito Civil e Mestrado em Direito pela Unisinos, e especialização em Direito Previdenciário pela ESMAFE (RS).  

Anamages: Quando a Sra. ingressou na Magistratura? E se aposentou após quanto tempo? 

Dra. Maria Isabel: Ingressei na Magistratura em 1982. Como eu já era servidora pública do estado do Rio Grande do Sul, me aposentei contra a minha vontade em 1999, pois fui fazer um doutorado em Portugal e o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, apesar de todos os esforços de seu Presidente na época, Des. Cacildo Andrade Xavier, não consegui liberação para estudar fora, em razão de um provimento que determinava que o magistrado que já tivesse tempo para se aposentar não poderia ser licenciado para estudar fora do país, devendo se aposentar para seguir seus estudos. Eu já tinha 31 anos e 6 meses de serviço público. 

Anamages: Os filhos aprendem com exemplos. Quais são os valores que a Sra. defende na Magistratura e que visualiza no caráter dos seus filhos? 

Dra. Maria Isabel: Os valores que ensinei aos meus filhos foram os que eu sempre vivenciei. Em primeiro lugar, muita fé no Criador do Universo e, junto com isso, muito amor ao próximo. Pois, ao meu ver, fé em Deus e amor ao próximo são valores inseparáveis. Do amor ao próximo decorre o respeito para com todos, a honestidade em tudo o que se faz e o empenho para se fazer da melhor forma possível. Graças a Deus, visualizo todos esses valores no caráter de meus filhos! 

Anamages: A Sra. é referência feminina na Magistratura, seja pelo respeitável nome, seja pelo notório saber jurídico, ou pela participação classista. Qual o segredo para conciliar uma vida de muitas exigências com o cuidado com a família?

Dra. Maria Isabel: O segredo é fazer tudo com amor. O tempo para mim sempre foi usado com essa dimensão, desde quando eu estudava para o concurso. Dividia cada hora de estudo com os filhos, sempre explicando para eles o que estava fazendo e qual a finalidade. Se nos expressarmos com verdade e simplicidade, as crianças entendem e se tornam nossos cúmplices pela vida toda. A cada 50 minutos de estudo, eu dedicava 10 minutos totalmente para eles, sem prejuízo do tempo que já era para eles nas horas de descanso. Para mim, a maternidade sempre foi e continua sendo muito prazerosa. Meus filhos são a maior benção que Deus me deu dentre tantas outras, como, por exemplo, ser magistrada! 

Anamages: Comente sobre a experiência da maternidade e o trabalho da judicatura. 

Dra. Maria Isabel: A maternidade e a magistratura, como já disse, são o que de mais edificante aconteceu na minha vida. A maternidade veio primeiro e, com ela, eu descobri que Deus, na sua sabedoria infinita, de fato, nos ensina através dela a diferença entre o egoísmo e o amor. E quando aprendemos essa lição, não conseguimos agir sem nos colocarmos no lugar do outro em tudo o que fazemos. A magistratura tem muito disso para quem entende a importância de atuar com o poder de alterar o destino das pessoas, na sua liberdade, na saúde, no patrimônio etc. Sabemos que, por qualquer ângulo que se olhe um processo, temos pessoas de ambos os lados da lide que estão em conflito. Então vamos atuar com honestidade e respeito, como faríamos dirimindo os conflitos de nossos filhos entre si. É provável que um deles não tenha razão, mas a verdade deve ser dita: com justiça e amor. A Justiça tem seus parâmetros nos Princípios Constitucionais, dos quais as leis devem decorrer e ser interpretadas. Dentre esses princípios, destaco: o do Respeito à Dignidade da Pessoa Humana, o da Isonomia, o da Igualdade etc. Estes princípios valem tanto na relação com os filhos, como no exercício da jurisdição. 

Anamages: Qual o maior legado que a Sra. sonha deixar para os seus filhos?

Dra. Maria Isabel: O legado que sonho deixar para os meus filhos é que tenham amor no coração, sabedoria na alma para distinguir o justo do injusto e força para ganharem o pão de cada dia de forma honesta. Que seus bens materiais sempre entrem pela porta da frente de suas casas, pela força do trabalho honesto e com muita gratidão ao Criador do Universo. 

Homenagem dos filhos:

Luciana Pereira da Costa, 40 anos, Advogada.
 “Eu já disse a ela que admiro sua força de viver, que a vejo como uma guerreira e várias virtudes que ela possui, como justiça, integridade, mas acho que nunca lhe disse que admiro muito a sua fé em Jesus Cristo, e como foi bom ela ter me ensinado a ter fé, que isso faz toda a diferença em minha vida. Muito obrigada! Amo muito minha mãe, pelo conjunto todo dela, mas tendo que falar apenas de um ponto, seria sua característica de que, mesmo nas situações mais difíceis emocionalmente, ela sempre mantém a clareza e o discernimento para fazer o que é melhor, preservando a integridade e a justiça que lhe são inerentes.” 

Marcelo Pereira da Costa, 38 anos, Advogado.
 “Oi Mãezona! Veja só que linda oportunidade a Anamages está me dando de reafirmar, em público, o quanto te amo e te admiro! Uma oportunidade de agradecer as qualidades que nos ensina diariamente com teus diversos exemplos de serenidade, força, respeito e solidariedade com todas as pessoas. Ajudou, ajuda e ajudará a tantos, que me sinto privilegiado e muito feliz em ser teu filho! Um grande beijo e um forte abraço, que vou lhe entregar pessoalmente. Eu te amo!”