16 de agosto de 2021

Desembargador Dárcio Lopardi, após 40 anos, se despede da Magistratura mineira

O Desembargador Dárcio Lopardi Mendes dedicou quatro décadas de sua vida à Magistratura mineira

Uma vida dedicada à magistratura. Foram 40 anos de completa entrega ao ofício, levando a justiça a milhares de pessoas, sempre amparado pelos nobres valores que os bons homens carregam dentro de si: humanidade, empatia e honestidade. Nesta segunda-feira, dia 16 de agosto de 2021, o Desembargador Dárcio Lopardi Mendes se despede da Magistratura mineira com o bom orgulho do dever bem cumprido. Integrante da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG), o Desembargador Dárcio é reconhecido pelos seus pares, pelos servidores e pelos amigos por ser um homem justo, culto e por deter elevados valores morais. Em reconhecimento a esta bela trajetória, a Diretoria Executiva e os Conselhos Fiscal e Deliberativo da ANAMAGES prestam uma especial homenagem ao seu associado Desembargador Dárcio Lopardi, com relatos de quem conhece a índole do Magistrado que deixa o seu nome cravado na história do TJMG e na memória daqueles que tiveram o privilégio de acompanhar os seus passos na judicatura.

O Presidente da ANAMAGES, Juiz Magid Nauef Láuar, expressou: “Quando tive a elevada honra em conhecer, pessoalmente, o Eminente Desembargador Dárcio Lopardi fiquei impressionado com suas inúmeras qualidades! A partir daí, entendi o significado de “mirar no exemplo”.

Uma das maiores características do Desembargador Dárcio Lopardi é o quanto ele engrandeceu a toga! E não o inverso. A sua pessoa sempre foi maior do que o cargo ocupado. E não o inverso.

Exercer a magistratura por exatos 40 anos, 01 mês e 15 dias é exercer uma vida! Na sua plenitude. É abrir mão da liberdade pessoal. É amadurecer. É abraçar os problemas alheios e devolvê-los decididos. Técnico. Objetivo. Equilibrado. Sensato. Estudioso e, sobretudo, imparcial.

Sensível e culto. Conhecedor profundo da literatura, sorveu diretamente dos clássicos. Portador de memória prodigiosa, cita com naturalidade longos trechos e faz pertinentes observações de situações atuais com o exemplo dos clássicos, Tartufo de Molière que o diga!

A responsabilidade do Desembargador Dárcio Lopardi no exercício da judicatura é mensagem a ser diuturnamente lembrada! Jamais permitiu que terceiros exercessem a jurisdição em seu lugar, em seu nome. A assessoria para ele é exatamente o significado do vernáculo: assessorar! Jamais e em tempo algum, julgar em seu nome.

Outro ingrediente da sua responsabilidade funcional foi o compromisso de “manter o serviço em dia”, zero de atraso! E mantinha a regularidade na prestação jurisdicional com uma espantosa naturalidade, e dizia sempre que manter o “serviço em dia” é obrigação do Magistrado!

O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais já foi integrado por grandes Magistrados, o Desembargador Dárcio Lopardi passa a integrar o seleto grupo dos Desembargadores que elevaram e dignificaram o nome do Tribunal.

A sua aposentadoria promoverá um vácuo na magistratura mineira. O alento é que as suas decisões prolatadas por mais de 40 anos permanecerão como referências para todo Brasil.

Enfim, se fosse resumir a História do Digno Magistrado Desembargador DÁRCIO LOPARDI MENDES, em apenas três palavras: “mirem-se no exemplo”

A Doutora Cleusa Caldeira de Carvalho, assessora do Desembargador, transmitiu uma mensagem ao chefe. “Eu conheci o Desembargador Dárcio Lopardi Mendes no inicio do ano de 2009, e lá se vão mais de 12 anos. Duas palavras o definem para mim: correto e justo. No dia em que o conheci, numa entrevista, ainda na Rua Goiás, ele disse, ao me dar as boas vindas e me aceitar na sua equipe: “no meu gabinete ninguém é melhor que ninguém. Nunca admiti e nem admitirei que seja diferente. Somos todos iguais e sempre aprendemos um pouco com o outro, independente de quem seja. Somos uma equipe”. Isso me marcou muito, pois, foi exatamente o que vivenciei ao seu lado durante todos esses anos em que o assessorei. Sou uma privilegiada e agradeço a Deus por isso. Muito obrigada, Excelência”.

Outra servidora, a Doutora Gláucia Alvarenga Soares Quintão, que o assessorou por seis anos, também registrou algumas palavras. “Dizem que nunca devemos esquecer três tipos de pessoas: as que nos deixam em tempos de dificuldade; as que nos deixam em dificuldades, mas, principalmente, as que nos retiram das dificuldades. O Desembargador Dárcio, para mim, será sempre lembrado e reverenciado como esta terceira pessoa”.

O Desembargador Armando Freire, do TJMG, disse: “Nós nos conhecemos no início do ano 1980, estávamos numa fila de atendimento da Polícia Federal, em Belo Horizonte, providenciando documentação para a inscrição no concurso para ingresso na magistratura mineira. Ingressamos juntos na magistratura, em 1981. Lá se vão mais de 40 anos, início de uma amizade que se estreitou mais, inclusive no âmbito familiar. Mais ainda, quando ele assumiu a comarca do Serro, minha terra natal. Um fato curioso, ele foi morar na mesma casa onde morei logo após o meu casamento. Foi marcante o trabalho que ele desenvolveu naquela comarca, com repercussão em toda a região do nordeste mineiro. Convivemos no Fórum Lafaiete, depois no extinto Tribunal de Alçada, de último no Tribunal de Justiça. Hoje, com a sua aposentadoria compulsória, o Judiciário mineiro é desfalcado de um Juiz, magistrado na acepção da palavra e do conteúdo, comprometido com a prestação jurisdicional célere, altamente responsável, competente e sempre temperando suas decisões com uma porção relevante de humanidade, não se descuidando da distribuição de uma justiça com o viés da sensibilidade humana. Como eu me sinto? Bem, estou perdendo o colega, mas não perco o amigo. Que Deus proveja os seus passos e cuide da sua aposentadoria, dando-lhe o descanso justo e merecido, após uma intensa e profícua jornada, junto aos seus queridos familiares“.

Outro grande amigo, Desembargador Alyrio Ramos, expressou: “O Desembargador Dárcio Lopardi Mendes abrilhantou a Magistratura mineira por mais de quarenta anos, mercê de sua cultura jurídica, postura ética e trabalho intenso e inovador, tendo se aposentado por implemento de idade sem deixar para seu sucessor um único processo por julgar”.

O Desembargador Gudesteu Biter, ex-presidente do TJMG, também registrou uma mensagem: “Vi a notícia e não gostei. O TJMG perde um grande juiz e um grande ser humano. Eu e Nilza lhe desejamos toda felicidade do mundo”.

O Desembargador Dárcio com a esposa Carmen e os filhos Dárcio Lopardi Mendes Júnior e Livia Fonseca Mendes de Faria

O Professor e Advogado, Doutor Dárcio Lopardi Mendes Júnior, registrou: “Meu pai, magistrado por 40 anos, deixou um legado de trabalho, comprometimento e lealdade aos seus princípios, seja no exercício da judicatura como na família. Exemplo não se fala, exemplo se demonstra. Ele demonstrou.

A Jornalista e Administradora Fabiana Gatti, nora do Desembargador, enalteceu: “Com uma brilhante carreira de 40 anos no judiciário mineiro, o admiro pela dedicação, compromisso e, principalmente, pela honradez. Sem dúvida, uma marca deixada na magistratura como exemplo, especialmente para os netos”.

A filha do Desembargador Dárcio, Doutora Livia Fonseca Mendes de Faria, servidora pública do TJMG, comentou: “A diferença que meu pai fez na vida daqueles que recorreram ao Judiciário é notória. Entregou-lhes justiça, dignidade e a certeza – tal qual a do moleiro – de que, sim, há juízes em Berlim. O que talvez nem todos saibam é a diferença que ele fez e faz na vida daqueles que recorreram ao homem e não ao magistrado. O homem que não se envaidece pelos títulos, mas que se sensibiliza pelo simples, pelo afeto, pela força da palavra empenhada. O homem que enxerga o todo e que também vê através. É um vencedor na profissão e na vida. E age como os verdadeiros vencedores e mestres: faz com aqueles que o rodeiam também cresçam, também vençam. Muitas vezes faz o impossível

O genro do Desembargador Dárcio, o Advogado Doutor Palomo Simas de Faria, ressaltou: “para além do magistrado vocacionado e genuinamente comprometido com a entrega de uma prestação jurisdicional séria e com muita qualidade técnica, tenho o privilégio, como genro, de desfrutar dos ensinamentos de vida, de uma inteligência privilegiada e, mais importante, do exemplo de marido, pai e avô, presente e amoroso. Parabéns, Dr. Dárcio!”.

Os netos Hugo Marco Antônio Lopardi Mendes, de 11 anos, Henrique Mendes de Faria, 9 anos, Beatriz Mendes de Faria, 6 anos e Aline Gatti Turrer Lopardi Mendes, de 1 ano, também dedicaram uma homenagem ao Desembargador. “Nós temos muita sorte de ter o vovô Dárcio! Ele trabalha muito, mas sempre tem tempo de contar histórias e brincar de correr atrás da gente. É impressionante o tanto de histórias que ele sabe. O tempo junto dele, tomando sorvete, picolé, assistindo a jogos de futebol ou andando pela fazendo são lembranças que estão no nosso coração. É muito legal também quando passamos pelo Tribunal e gritamos “olha o Tribunal do Vovô!”. Nosso vovó é o máximo! Amamos muito ele”.

O Desembargador Dárcio recebe o carinho da esposa, Carmen Lúcia Fonseca Mendes

A esposa do Desembargador, Professora Carmen Lúcia Fonseca Mendes, registrou uma mensagem ao esposo: “Desembargador Dárcio Lopardi Mendes, meu marido, aposenta-se deixando um grande legado de competência, cultura e justiça . Digno exemplo para a Magistratura Mineira”.

Perfil

Nascido em 19 de agosto de 1946, em Guarani (MG), filho de Hélio Mendes Ferreira e de Maria Aparecida Lopardi Prata “in memoriam”, o Desembargador Dárcio Lopardi Mendes é Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1975). Ingressou na Magistratura mineira em 1981; atuou como Juiz de Direito na comarca de Rio Preto (1981-1983), foi promovido para a comarca de Serro (1983), depois foi promovido, por merecimento, para Pitangui (1984). Em seguida, foi removido para Juiz de Fora, onde atuou como Juiz-Diretor e Orientador do Juizado de Pequenas Causas. Em 1991 assumiu a titularidade da 2ª Vara Cível de Belo Horizonte; exerceu, em todas as comarcas, as funções de Juiz Eleitoral; foi promovido por merecimento para o Tribunal de Alçada de Minas Gerais, em 1999. Atuou como Juiz Vice-Presidente do Tribunal de Alçada de Minas Gerais de 2004 a 2005; Superintendente de Comunicação Institucional, Presidente da Comissão de Divulgação e Jurisprudência, Diretor da Revista de Julgados e Presidente da Comissão do Espaço Cultural -TAMG. O Desembargador Dárcio também presidiu o Centro de Estudos Jurídicos Juiz Ronaldo Cunha Campos – Tribunal de Alçada de Minas Gerais (2004-2005); Juiz-Orientador de estágio da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes do TJMG; Diretor do Departamento de Saúde da Associação dos Magistrados Mineiros (1993-1995); Vice-Presidente Sócio-Cultural Esportivo da Associação dos Magistrados Mineiros (1995-1997). Foi professor de Economia Política em Juiz de Fora; foi Diretor do Departamento de Permissões e Concessões (antiga Secretaria de Transportes e Serviços Municipais) em Juiz de Fora e Secretário de Serviços Municipais na mesma comarca. Ministrou dezenas de cursos, palestras e seminários. Também recebeu as seguintes condecorações: elogios da Corregedoria Regional Eleitoral, pelo excepcional desempenho nas eleições municipais – 1996; diploma de “Honra ao Mérito”, pela participação no Projeto “É tempo de férias” – Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage – 1979; diploma de “Honra ao Mérito”, outorgado pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo – Papagaios/MG – 1985; placa de prata, pelos relevantes serviços prestados à comunidade – Pitangui/MG – 1987; medalha “Santos Dumont”, Grau Bronze – 1993; medalha de Honra ao Mérito “Dr. José Lacerda Machado” – 84ª Subseção da OAB/MG – Pitangui/MG – 1997; medalha Desembargador Rui Gouthier de Vilhena – Corregedoria Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais – 1997; medalha da “Ordem do Mérito Legislativo Municipal”- Mérito Especial – Câmara Municipal – Belo Horizonte/MG – 1999;  medalha Santos Dumont, Grau Prata – 2002; medalha da Inconfidência – 2004; troféu Governador Aureliano Chaves. “Expressões de trabalho, honestidade e competência.” Revista Dinâmica dos Fatos. Belo Horizonte/MG – 2004; troféu Professor Ariosvaldo Campos Pires. “Personalidade de Destaque”. Juiz de Fora/MG – 2005;  Colar do Mérito Judiciário – Tribunal de Justiça de Minas Gerais – 2005; Medalha Santos Dumont – Grau Ouro – 2007; Medalha de Honra Presidente Juscelino Kubitschek – Concedida pelo Governador do Estado de Minas Gerais em 2008; homenagem da 144ª Subseção da OAB/MG de Nova Serrana – 2011; Colar Do Mérito Da Corte De Contas Ministro José Maria de Alkmim (TCE) – 2013; Medalha do Mérito do Ministério Público Promotor de Justiça Francisco José Lins do Rego Santos – 2014; Medalha de honra da Inconfidência – 2018; Medalha Comemorativa dos 20 anos da Faculdade de Sabará, Destaque do Poder Judiciário – 2018; Título de Cidadão Honorário de Juiz de Fora/MG – 2018; Diploma Colaborador da Justiça, outorgado pelo Município do Serro, no transcurso do tricentenário de criação da Comarca do Serro do Frio – Abril/2020; Medalha Comemorativa dos 300 anos da criação da Comarca do Serro.